CRÓNICAS & OPINIÕES

Crónica: ESTÁDIO NACIONAL 24 SETEMBRO SUPERA O MITO NA ERA DE BACIRO CANDÉ

O palco símbolo da independência, Estádio Nacional ’24 de Setembro’, tornou-se no reduto estratégico e invencível na Guiné-Bissau, desde que o selecionador principal do futebol guineense, Biciro Candé, assumiu o comando técnico dos Djurtus.

Esta história da invencibilidade em casa, iniciou-se em Março de 2016 com a contratação do mister Candé que conseguiu um feito inédito: apurar o país por duas vezes consecutivas ao Campeonato Africano das Nações CAN (2017 e 2019); atualmente a tentar a terceira participação e apuramento para Mundial Qatar-2022, também pela primeira vez, a participação da Guiné-Bissau na fase de grupos de qualificação para mundial, um sonho concretizado, que era a prioridade e uma luta do governo na pessoa de Dionísio Pereira, Secretário de Estado da Juventude e Desporto.
Em dez jogos disputados no Estádio Nacional 24 de Setembro, a seleção principal venceu nove e empatou um, frente aos Mambas de Moçambique.
A seleção feminina sub’20 e sub’17 jogaram duas partidas no palco com o nome em memória da independência, empataram uma a três bolas, frente à seleção sub’17 da Guiné Conacri, no passado dia 25 de janeiro, e a seleção sub’20 esmagou a Mauritânia no passado sábado (01-02-2020) por [9-0].

QUEM SE LEMBRA DOS MITOS DO PASSADO?

Os mais atentos seguidores do futebol guineense podem recordar dos MITOS vividos quando nos era habitual derrotas sucessivas da seleção nacional fora de casa e no atual ‘Quartel General’, Estádio 24 de Setembro.
Para uns, era o nome DJURTUS dado à seleção nacional que era o fator de tanto insucesso. Para outros, o Estádio 24 de Setembro precisava de cerimónias (rituais) para gratificar os espíritos locais, porque o “IRÃ de BANDÉ” levou anos sem usufruir de “derramamento de sangue”. Outros ainda defendiam a suspensão por parte das autoridades desportivas da participação do país nas competições internacionais por um período de 5 anos, seguindo exemplos de Gâmbia e Mauritânia que, pela reorganização necessária das suas estruturas desportivas, decidiram suspender por algum período as suas participações nas provas internacionais.
Como em cada sociedade há sempre pessoas mais atentas e com o dom de perceber as circunstâncias, ouviram-se vozes que defendiam o contrário e argumentavam que o necessário para o afirmar-se no futebol é a ORGANIZAÇÃO!
Estes comentadores desportivos, cidadãos singulares e/ou governantes, afirmavam na altura que o talento não faltava aos jogadores de futebol da Guiné-Bissau e o nome DJURTUS, bem como a falta de cerimónias no Estádio, não eram motivos dos resultados amargos.
Aos nossos ouvidos, na caminhada para o Estádio em qualquer jogo de seleção, chegavam expressões do tipo “BONA BAI TOMA MÁS”, literalmente traduzido em: “VÃO PERDER NOVAMENTE”. Quase que ninguém acreditava que um dia podéssemos saborear várias vitórias no mundo de futebol e era difícil acreditar que um guineense podia conduzir a seleção aos momentos de glória. Fato que motivou a contratação de vários treinadores estrangeiros que fizeram de tudo, menos o sonho para que foram contratados.
Após os jogos da seleção, de regresso à casa, muitos amantes do Desporto Rei, sobretudo da seleção nacional, sentiam na ALMA o pesadelo de um coração machucado com derrota. Era a caminhada de Passos falhados; eram agressões aos adeptos das seleções vencedoras; eram insultos aos jogadores; eram ataques aos dirigentes desportivos e até aos familiares dos jogadores… Uma aflição incontrolável.
A ERA DA VITÓRIA
O primeiro passo da vitória caseira, foi no dia 27 de Março de 2016, no jogo frente a Quénia em que os Djurtus venceram por [1-0]. O arranque que parecia um sonho da noite de lua cheia, no qual muitos deixaram interrogações. SERÁ QUE NÃO FOI POR MILAGRE?
Era, sim, um milagre para contrariar os grandes MITOS.
Maior espanto provocou-se quando o atual presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, Manuel Irénio Nascimento Lopes, afirmou: “Vou vos garantir que vamos ao CAN 2017” – Será que você acreditava?…. Se calhar o nome mais simples que recebia era de MALUCO porque os MITOS superavam a crença.
Como bem disse o provérbio chinês: “O CORAÇÃO SÓ ENVELHECE QUANDO OS LAMENTOS SUBSTITUEM OS SONHOS” – vale a pena sonhar, acreditar e trabalhar para alcançar os objetivos.

Cadê os MITOS?

O Estádio Nacional 24 de Setembro tornou-se no reduto invencível há 4 anos. Ser o maior sortudo da história é conseguir um empate neste Estádio.
A invencibilidade não é eterno, sem motivos para as dúvidas. Faço esta reflexão no sentido de mostrar que é possível vencer e devemos correr atrás dos nossos sonhos sem lementos que possam transformar as possibibidades de glória em derrotas.
Lutar 10 anos e deixar isso um dia é trabalho perdido, quem sabe se a vitória está no dia seguinte…

Mantenhas Desportivas!
© Carlos Amadú Baldé, Diretor-geral do Portal Desportivo guineense O GOLO GB

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