SELEÇÃO NACIONAL

DJURTUS: MENSAGEM DO ANSU FATI À SELEÇÃO NACIONAL E AO POVO GUINEENSE

Obrigado Djurtus!
Já disse obrigado? Com lágrimas de alegria diria obrigado a todos! 
Foi um ano de muita luta e sacrifício para dignificar a nossa Bandeira. Para muitos é apenas Djurtus, mas para nós é muito mais do que uma seleção: é uma família. Cantamos e celebramos a nossa amizade em união. Foi uma caminhada que ninguém acreditava que fosse possível. Dizia o mister Paulo Torres, eu acredito em vocês. Para muitos era apenas mais motivações para nós. 
Começou a caminhada com (combatentes bai luta) viagens volta ao mundo para defrontar a poderosa Zâmbia. Fizemos 32h sem dormir e sem alimentar em condições apropriadas, mesmo assim com muita dedicação em empenho conseguimos um bom resultado que ninguém esperava 0-0 no campo de campeão africano. Dissemos, “afinal tudo este sacrifício valia a pena”. 
Voltamos para casa cheio de orgulho para defrontar o Congo, num jogo em que o carrasco da Guiné foi Férébory que marcou 4 golos, perdemos 4-2. Uma tristeza enorme nos corações dos guineenses, as crianças começaram a cantar (nada é cabali só boca ké tene ) regressamos aos nossos clubes com muita tristeza e magoa. 
Fomos para Libéria defrontar estrelas solitários na eliminatória para o mundial de Rússia. Foi mais uma viagem para esquecer, parece que era de propósito fazer nos sofrer, empatamos a 1 golo e levamos a eliminatória para casa todo feliz porque queríamos defrontar a poderosa Costa de Marfim de Iaia Ture, Didier Drogba, Calú entre outros, na segunda eliminatória, mas para isso acontecer precisávamos pelo menos um empate a 0 golos. 
O sonho não se concretizou, perdemos em casa por 3-1 mais uma tristeza para nossos pais, irmãos e guineenses em geral. Para alguns é a maldição do estádio 24 de setembro, para outros os jogadores é que não dão tudo no campo e uns apontam selecionar como principal culpado. Minutos depois do jogo, demitiram o Paulo Torres. Fim da sua era. Nova era da seleção com dupla de Baciro Cande e Romão dos santos. Fizeram revolução na chamada para jogo a seguir contra Quênia, esperança era nesta dupla e deram resposta certa. Acabaram com mito de que a seleção não ganhara no estádio 24 de setembro com um golpe de cabeça do Idi Computador. O povo da Guiné gritou de alegria e de entusiasmo devido ao momento que o país atravessava de muita confusão política e desespero quanto ao futuro da nação. Partimos de Bissau para o 4′ jogo onde fomos divididos em dois grupos, uns de Dakar, Mali, depois Quênia. 
Outro grupo saiu de Dakar, Dubai, Quênia. Viagem de quase 2 dias para chegar o Quênia. Era preciso tirar dos nossos bolsos para pagar visto de entrada. Eu tive que pagar com meu cartão de crédito 400 dólares para 8 pessoas, mas já estávamos vacinados a sofrer. Chegamos a menos de 24 horas para o jogo e fizemos o resultado histórico, a primeira vitória da Guiné fora de casa na qualificação para CAN, com 7 pontos passamos para o primeiro lugar de grupo cantamos a amizade e a união, era a força da nossa família. Para este duplo jogo perdemos mais 3 grandes jogadores Amido, Ivanildo e Sami. Mas a luta continuará. Afinal não somos coitadinhos da série. Nesta altura passamos a ser gigantes. Chegada a Bissau para o 5′ jogo fomos recebidos como heróis que somos, ganhamos o campeão africano 3-2 no último minuto do jogo com um golaço de estreante Toni.
Gritamos a vitória, pois era o dia vitorioso sobretudo para mim porque neste dia, uma hora antes de jogo nasceu a minha filha em Portugal e dei-lhe o nome da Vitória de Guiné Bissau. Dia seguinte, Quénia derrotou o Congo e confirmou-se a presença da bandeira da Guiné Bissau no Gabão, as ruas encheram-se de imediato dos guineenses para festejar a história escrita por novos combatentes da nossa terra. Mas faltava um último jogo que servia apenas para cumprir o calendário contra o carrasco da Guiné, o Congo. A história repetiu-se e o suspeito de costume marcou único golo da partida que ditou a nossa derrota. 
O meu muito obrigado à grande família “Djurtus”. Jonas Mendes, Germano Mendes, Pap Fall, Edson, Eridsom, Potchy Silva, Rudi, Juary, Sambinha, Agostinho Soares , Mamadu Cande, Bocundji Ca, Braima cassama, Braima só, Zezinho, Sana, Nanisio, Beto, Bruno, Sami, Ivanildo, Cicero, Arnold Mendy, Mendy, Piquete, Idi computador, Toni, Basilo, carvalho, Amidu balde, Jaime seidi, Adul Seidi. Chegou a hora de comer cereja no topo de bolo, hora de desfrutar todo o sacrifício consentido.
Mas com muita tristeza e decepção deixaram alguns destes combatentes de fora. Respeito à decisão. Obrigado! Não existe triunfo sem perdas, muitos ficaram pelo caminho, só 4 jogadores deste grupo que conseguiram participar na toda convocatória Bocundji Ca, Zezinho Lopez, Cícero e Ansumane Faty.
Digo obrigado meu Deus por fazer parte da grande vitória para meu País. 
A vitória pertence àqueles que têm coragem de viver seus sonhos nos momentos de sacrifício, cada vez que vencemos um obstáculo descobrimos que vale a pena acreditar. 
Gostaria de desejar boa sorte aos companheiros da seleção nacional que saibam dignificar e honrar a nossa bandeira no Gabão. Estou convosco, irmãos! Obrigado a todos que se solidarizarem comigo e um muito obrigado ao povo guineense pelo incansável carinho e apoio que me deram ao longo da passagem pela seleção principal. 
Força Djurtus! 

Ansumane Seidi Faty 28.12.2016

Cortesia do Jornalista Mamadu Lamine Marna

in Sou Djurtu

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