CAMPEONATO NACIONALCRÓNICAS & OPINIÕESSELEÇÃO ASELEÇÃO NACIONAL

CRÔNICA: DJURTUS NÃO VENCEM JÁ HÁ UM ANO

É a alegria de todos os amantes e acompanhantes do futebol guineense, ver a seleção nacional de futebol a competir, que para muitos é o mais importante, mas viajando um pouco no tempo nota-se que Os Djurtus já há um ano não vencem em jogos oficiais, e isso tem contornos graves, no Ranking daa FIFA, nota-se as tais consequências, a seleção saiu de lugar 68 para 103, estando numa autentica queda livre.

A última vitória dos Djurtus aconteceu precisamente no mês de Junho do ano 2016, no dia 4 no Estádio nacional 24 de Setembro, no histórico e emocionante jogo realizado frente a Zâmbia, referente a quinta jornada da fase de grupos de apuramento para o CAN-2017, vitória que do resto, associada com a derrota do Congo frente a Quénia no dia seguinte, os comandados do Mister Candé conseguiram pela primeira vez na história do país se qualificar para uma fase final do do Campeonato africano das Nações a uma jornada do fim dos jogos de qualificação.

Depois desta vitória, a seleção nacional não voltou a vencer, o melhor que conseguiu foi o empate a uma bola com o Gabão no jogo de abertura do CAN-2017, e restantes foram todas derrotas.No jogo que encerrou a fase de qualificação, perdeu com o Congo por 1-0 em Brazaville, perdeu com Camarões por 2-1 no segunda jornada do grupo A do CAN-2017, e no encerramento da fase de grupos foi derrotada por  2-0 pela seleção Burkinabe e consequentemente foi eliminada da competição. Os comandados do Mister Candé voltaram ao país e foram recebidos como heróis, apesar de não ter vencido nenhum jogo no CAN-2017. A justa e bem merecida recepção estendeu-se até nos bairros dos jogadores, muitos foram homenageados nos seus bairros pelos próprios moradores em jeito de reconhecimento do empenho dado no CAN-2017. O ciclo das derrotas continuou, no jogo amistoso com a África de Sul, 3-1 foi o resultado final no solo sul-africano, mais um registo negativo.

Mas, certo é que, não podemos continuar a dar luxos com resultados menos agradáveis, não pela culpa dos próprios jogadores, reconheço o empenho e sacrifício que os mesmos fazem, mas pela má organização dos responsáveis da Federação nacional, ou talvez é o nível profissional destes jogadores que é superior a capacidade organizativa dos dirigentes desportivos nacionais e sobretudo de futebol.

É preciso que saibamos o que está a passar mesmo na nossa seleção, a seleção não vence já há um ano e isso não agrada ninguém e ainda por cima de tudo os dirigentes da federação estão a ser acusados e já o responsável máximo foi ouvido no Ministério Público. Isso é vergonhoso. Estaria a ser a seleção nacional  o “MERCADO DE BANDIM” que muitos usam para comercializar os seus produtos? ou estão ali para prestar o serviço de qualidade à nação?

 Queremos saber, o que aconteceu, o que mudou e o que não está a funcionar?
 
O QUE A CHEGADA DE CATIO BALDÉ TROUXE A SELEÇÃO?
Antes do apuramento da Guiné-Bissau para o CAN-2017, não existia o cargo de Director executivo na estrutura da Federação, no mês de Novembro de 2017, o empresário de Futebol Catio Baldé assumiu as referidas funções e desde esta altura surgiram vários rumores. Muitos jogadores guineenses que tinham a ambição de representar a seleção perderam-a devido aos seus problemas pessoas, muitos consideram que Baldé estragou a carreira de vários jogadores, e alguns entendem que a partir daquela altura os jogadores que ele representa, passariam a ser prioridades nas convocatórias do selecionador.
Acho que tudo isso não ajudou na estabilização do balneário, ser empresário de futebol nas condições que Catio Baldé está, não é compatível com o desempenho das funções do Director executivo da Federação. Por mais que ele tente fazer o bem, será sempre suspeito de todos os eventuais desentendimento na equipa.
Até houve altura em que o mesmo em nome da federação, foi o Catio Baldé a defender a lista final dos convocados para o CAN-2017. Facto inédito na história de futebol, e no tal, o director executivo da federação saiu mal na fotografia, houve justificações que talvez são infundadas pelo facto dos mesmos não possuírem aspectos desportivos, caso do Ansu Seidi Fati que estava na pré-convocatória mas acabou por ficar de fora , segundo Baldé o jogador tem caso judicial em portugal por alegada manipulação dos resultados, ao passo que Seidi está a competir. Se a equipa técnica soube disso, porque é que lhe pré-convocaram? Isso não ajudou em nada. E será que estas declarações não magoaram o avançado que esteve com a caravana em toda fase de qualificação?
CASO ZÉ TURBO, E SUAS CONSEQUÊNCIAS
No estágio de preparação para o CAN-2017, José Correia, vulgarmente conhecido por Zé Turbo ex-jogador do Tondela, foi dispensado do estágio por alegada lesão no dedo, a tal dispensa motivou vários rumores. Victor Correia afirmou que falou com o jogador, e este lhe confirmou a lesão mas a mesma não lhe impedia jogar. Até que lesão no dedo da mão não pode impedir jogador a competir, muitos jogaram com problemas no braço.
Por se tratar dum jovem jogador, acho que o assunto devia ter outro tratamento, a equipa técnica tem todos os poderes de ficar quem quisesse, e quem até agora quiser, portanto, ao meu ver, seria melhor ficar-lhe de fora pela opção técnica,  em vez de ser a lesão no dedo o justificativo porque estes comportamentos desencorajam os jovens jogadores a representarem a seleção nacional. Imaginemos que se houver um guineense a representar a seleção portuguesa de sub-20 e abdicar do mesmo para representar a seleção nacional e vier a ser desconvocado só pelo facto de ter lesionado no dedo? Isso é brincadeira, sejamos mais corajosos em vez de criar outros problemas.
O CAPITÃO DA EQUIPA FOI AFASTADO, PORQUÊ?
Um grupo com o líder a ser posto de lado na plena competição, o menos que se pode esperar dele é a formação de “grupinhos” e mais que isso talvez que seja desaire.
Durante o CAN-2017, Bocundji Cá passou todo tempo no banco de suplentes sem ter cumprido algum minuto, apesar de tudo, sempre que o selecionador nacional for questionado, nas suas respostas, mostra claro que isso se deve a opção da equipa técnica, segundo ele, jogavam aqueles que dispunham em melhores condições.
Tudo isso na minha opinião, não passou de ser um mero truque, há o que aconteceu no balneário ou noutro local, que provocou o seu afastamento na plena competição. Digo que foi um truque porque só a convocação e realização da conferência de imprensa por parte do Bocundji Cá, mostra claramente que foi injustiçado. CÁ não revelou quase nada o que aconteceu, limitou somente a desculpar aqueles com que lhe supostamente se envolveu nos problemas, também pediu desculpas aos mesmos, mas resumindo tudo isso, suponho que deixou claro que ele é um elemento intocável na equipa. O que isso significa? Talvez tenha o seu grupo. E isso na minha óptica não devia ter lugar na Seleção de todos nós.
IDRISSA CAMARÁ RENUNCIOU A SELEÇÃO 
Aos 23 anos, o internacional guineense Idrissa Camará decidiu renunciar a seleção por alegado mau relacionamento com algumas pessoas. Ao justificar a sua premeditada decisão, Idi Computador afirmou que há vários rumores em volta dele na seleção nacional, como sendo um jogador desestabilizador e que cria discussões desnecessárias, facto que ele não gostou e decidiu afastar destes rumores que obviamente não ajudam em estabilização da equipa.
Quando um jogador desta qualidade e desta idade decidir renunciar definitivamente a seleção nacional do seu país, isso significa que grave problema estaria a acontecer, talvez outros têm “guarida” por isso não seguiram o caminho do Idi. Ou talvez acreditam na ultrapassagem da referida desavença.

EQUIPA TÉCNICA EM MAUS LENÇOIS
Quando a equipa perde, a equipa técnica é responsável. Tal como aconteceu com o português Paulo Torres, não conseguiu vencer e foi mandado embora num de uma forma pouco amigável.
É urgente que a equipa técnica e principalmente o Baciro Candé encontre rapidamente as soluções, porque as culpas, tantas das desorganizações bem como do incumprimento das promessas aos jogadores, poderão reflectir no seu trabalho, e terá contornos graves, aliás, já tem.
É importante também que o Mister Candé, deixe o optimismo de lado porque pode de certa forma manchar a sua credibilidade. Ouvimos do Mister Candé antes do CAN-2017 a prometer que só voltaríamos no último dia, como? Sem organização? É impossível…
No futebol não existem formas mágicas, e nem há segredos. O mister faz sábiamente o seu trabalho, mas só o mesmo não é suficiente para alcançar o sucesso, aliás, se os dirigentes não fizerem, nada marcha…
A ÚNICA FONTE DE ALEGRIA DOS GUINEENSES QUASE ENTUPIDA
Certo é que, houve momentos ímpares na história do futebol guineense e do país em geral, proporcionados por estes rapazes a custa dos seus próprios sacrifícios. Quem não se lembra dos treinos realizados no estádio 24 de Setembro na preparação do CAN, onde o estádio ficava quase cheio? Quem não se lembra do momento de despedida dos Djurtus onde a avenida principal foi inundada de pessoas? Incrível… Quem não se vibrou com o golo do Juary aos 89 minutos frente ao Gabão do Pierre-Emerick Aubameyang que garantiu o empate a turma nacional? do magnífico golo do Piquete frente aos Camarões, enfim, e em todos momentos de entoação do hino nacional no CAN-2017, era arrepiante. Mas isso ao meu ver era o mínimo que estes jovens podiam fazer, é preciso pensar e repensar o futebol nacional, numa perspectiva mais séria levando em conta o profissionalismo dos jogadores.

São milhões que se mobilizam a volta da seleção, além do dinheiro, ela constitui a única fonte actual de alegria deste povo que tanto é martirizado pelas constantes querelas políticas. Só o empate no jogo de abertura do CAN-2017 motivou o grande festejo por parte de todos os guineenses espalhados em todo parte de mundo. O golo de Piquete frente a Camarões que proporcionou uma grande festa também após o intervalo quando a seleção de todos nós ganhava por 1-0 aos Leões indomáveis.

O povo espera uma vitória dos Djurtus frente a Namíbia na próxima semana para aliviar o stress dos políticos. O melhor que possa acontecer na Guiné-Bissau neste ano talvez seria a vitória frente a Namíbia, portanto não deixem o povo chorar e voltar a casa com stress.

É a hora de fazerem voltar o sorriso na cara dos guineenses
Só vocês conseguem a fazer!
Força rapazes, força a esperança do povo!
Joguem, joguem e joguem!

Rússia, Oryol, 04 de Junho de 2017.
Por: Gervásio Francisco Lopes, estudante guineense na Rússia e editor do portal desportivo Sou Djurtu.

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo

Adblock Detectado

Por favor, considere apoiar o nosso site desligando o seu ad blocker.