CRÓNICAS & OPINIÕES

CRÔNICA: CAPITANEAR DJURTUS, UMA HOMENAGEM AOS ETERNOS CAPITÃES DOS DJURTUS

Há um tempo bem próximo, a Guiné-Bissau parecia nunca mais consertar a linha desportiva. Faltavam-lhe heróis. Homens e mulheres, capazes de recuperar o bom nome da querida Guiné.

Nesta prolongada dor e tristeza pelos ataques sub-regionais, de repente, os Djurtus puseram a mão na massa. O meu coração continua a bater bem forte para certas individualidades. Sinto-me guineense, valorizado e respeitado. A Guiné não era o seu nome. Se chamava outros nomes, nomes bem presentes na minha mente e que a boca recusa de pronunciar.

Os Djurtus em referência foram os verdadeiros Chefes de Estado, tendo como ministros, todos os jogadores. Não existe riqueza maior que a união. Aliás, souberam cuidar de vidas. Vidas dos guineenses comprometidos com a causa nacional e dos debilitados, que esperavam boas notícias para respirar de alívio. Perderam as suas vidas. Porque quem cuida de vidas, perde a sua.

Existiam, na verdade, capitães desde os primeiros momentos, e que merecem ser elogiados e reconhecidos. Mas dada a conjuntura atual, defendemos Bocundji Cá e o Zezinho Lopes, os atletas que carregam cores, ramos do mesmo tronco, fixando olhos dos guineenses na mesma luz.

Bocundji Cá ou simplesmente “lʹenfant de Biombo”, foi um verdadeiro jogador e capitão dos Djurtus. Era e continua a ser, o futebolista que mais influenciou os colegas a abraçarem a causa nacional.

Além de ser capitão, era ainda empresário da sua seleção. Quem trabalhava, em vez de ser pago, pagava. De coração elefante, sua nação, era algo mais importante na sua vida. Vive pelo seu país e a sua região natal Biombo.

Na sua era, influenciou e influencia a camada juvenil a abraçar a causa nacional. Fazia deslocações a diferentes localidades. Na sua face podia se ver a grandeza do solo pátrio de Amílcar Cabral.

Bocundji Cá fez toda a sua carreira em França que durou quase quinze anos, tendo representado seis clubes começando nas bases de Nantes até a equipa principal, saindo três anos depois para Tours. Cá representou ainda Stade de Reims, Châteauroux, Paris FC e Bastia. De acordo com os dados de zerozero.pt, o eterno capitão dos Djurtus realizou cerca de 100 jogos na primeira liga francesa.

José Luís Mendes Lopes, mais conhecido pelo nome de Zezinho Lopes ou Djafal Kanderu de Beku 77 é um meio-campista e eterno capitão dos Djurtus, um líder, com paciência até no seu falar. É determinado e atencioso até aos detalhes. Um atleta com a postura positiva dentro e fora do estádio.

Enquanto representava a seleção nacional ainda nos primeiros tempos, chegou até de viver momentos dececionantes. Momentos, pelo facto de perder um penálti, o jogador recebeu chuva de insultos e sobretudo, insultos à sua mãe, facto que em resposta, mostrou-se que, existem momentos altos e baixos e que fazia parte do servir a pátria.

Convocado pela primeira vez pelo selecionador Luís Norton de Matos. Somou mais de 33 internacionalizações pelos Djurtus. Um escritor aspirante, o seu perfil Facebook determina: um guineense comprometido, humilde, responsável e amável. Seu jeito, seu relacionamento são passaportes do seu sucesso. É escravo de si mesmo, persistente no que faz, ouvinte de todas as direções aconselhadoras, preocupado com o próximo e confiando em todas as pessoas.

O momento mais alto da sua carreira na seleção foi quando foi eleito Man Of The Match contra o Gabão no jogo inaugural do CAN 2017, tornando-se no primeiro internacional guineense a conquistar este prémio.

Nascido no dia 23 de setembro de 1992, filho de Luís Mendes Lopes e de Nené Sambu, o ícone formou-se na Escola de Futebol Mabodja em Bissau. Após esta, de 2005 à 2006 jogou pelas equipas de Flamengo de Pefine, Sporting de Bissau, Sporting de Bafatá, todas da primeira liga guineense.

Com a deslocação à Portugal em 2007, teve a sua primeira contratação estrangeira no Sporting de Portugal. Mais tarde jogou pela equipa de Atlético Clube de Portugal, Veria FC Grécia, AEL Limassol de Chipre, Levadiakos FC Grécia, FK Senica da Eslováquia, Damac FC da Arábia Saudita, Marsaxlokk FC de Malta e depois de sete anos, regressou ao Chipre onde representa o Omonia Aradippou.

Autor: Sanha Ianga, Docente na Unidade de Ensino Domingos Mendonça

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