OUVIDO LOURENÇO, GOLEADOR DE BOA CASTA NO DOURO: “TRATAM-ME COMO FAMÍLIA”
Avançado do Resende fez um hat-trick frente ao Lourosa e contribuiu para o primeiro ponto da equipa que se estreia no Campeonato de Portugal.
Na margem sul do rio Douro, descrevendo-se como a “porta de entrada no Douro vinhateiro”, está o concelho de Resende, que, à boleia do Grupo Desportivo local, estreia-se, esta época, no Campeonato de Portugal. Ao fim de quatro jogos, chegou o primeiro ponto, conseguido em casa do Lourosa.
Para a história ficou um 3-3, pontuado por um hat-trick de Ouvido Lourenço, avançado guineense cujo nome pode soar estranho ao leitor comum, mas que em Resende está a deixar marca, pois em 2021/22 foi o melhor marcador na campanha de subida ao CdP (23 golos). “A época anterior foi a melhor da carreira”, assume o dianteiro, 24 anos, que nos últimos dois encontros amealhou quatro remates certeiros. “Sinto-me bem. Sei que aos avançados acontecem estas sequências de ficar sem marcar durante alguns jogos, mas voltei a fazer golos e estou feliz”, resume.
Natural de Bubaque, uma ilha da Guiné-Bissau conhecida por ser “um ponto turístico”, Lourenço começou a jogar “na rua” e, por volta dos 11 anos, tentou a sorte na capital Bissau. Aos 17 chegou a Portugal para jogar nos juniores do Chaves. “Pensas que quando cá chegas vai ser tudo fácil, mas encontrei uma realidade diferente. Foi o clima, com mais frio, os treinos, muito diferentes…”, explica. Passou, entretanto, por Oeiras, Cinfães, Oliveira do Bairro e Mondinense antes de chegar ao Resende.
“Tratam-me como família e sinto-me em casa. Não interessa só o dinheiro, também é importante receber amor e carinho. O clube valoriza-me e isso vale a pena”, elogia. O dinheiro dá “para ajudar a família”, que reviu, no verão passado, ao fim de seis anos. O maior sonho, revela, é poder ter uma solidez financeira ainda maior, seja em que divisão for. “Na Guiné não há muita coisa e eu tenho de ir atrás do sonho para ajudar quem me ajudou”, sublinha.
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