CRÓNICA: FRANCISCO SANTOS DA SILVA JÚNIOR, O MAESTRO DENTRO E FORA DAS 4 LINHAS
A vida futebolística do Francisco Santos da Silva Júnior, se conheceu em equipes de “Bás di Mango”, Bissack, 11 Atacantes e Arsenal do Bairro Militar, bairros de capital Bissau, onde até agora é visto como modelo do empreendedorismo desportivo.
De família humilde, pai professor e mãe vendedeira, o jovem Francisco Júnior nasceu a 18 de janeiro 1992 em Bissau. Iniciou a sua carreira profissional no Benfica de Bissau, esta primeira equipa valeu-lhe a contratação para o Benfica de Portugal e anos depois, teve passagem em Everton, Vitesse Arnhem, Port Vale FC, Wigan Athletic FC, Strømsgodset de Noruega e atualmente no Sepsi OSK da Roménia. Com convocatórias na seleção Sub 19 de Portugal e a seleção nacional da Guiné-Bissau que representou na sua primeira participação numa fase final do CAN.
Hoje ninguém lhe pode conhecer completamente. Sua vida está impregnada de muitas coisas. No fundo, Sempre guarda algo oculto que não deixa ninguém ver. Histórias que guarda na memória, que lhe machucam e que as vezes lhes fazem chorar.
Em Dakar, Senegal, chegou até a jogar um MacBook do piso para baixo, por lembrar da sua origem e da pessoa mais especial da sua vida, sua mãe Isabel, falecida em 2012 e que nunca assistiu o verdadeiro triunfar do filho primogénito.
Algum tempo, passou por coisas horríveis e tristes mesmo, o que não se pode desejar a ninguém. Santos Júnior, nome recebido do pai, professor Francisco da Silva que lecionava a cadeira da Língua Portuguesa na Unidade Escolar Jorge Ampa Cumelerbo em Bissau que também faleceu no ano 2016.
Desde estes acontecimentos, ele e os irmãos deixaram de ter a verdadeira felicidade. Sentiram um imensurável vazio, e o mundo sem teto.
Hoje, quando é visto sorrindo, todos pensam ser tão alegre como a postura revela, mas não conhecem suas histórias de vida. Cada um tem sua história, suas lágrimas, suas dores e suas diferenças. Mas tudo que nele se encontra, é apenas dele.
Quem não lembra da penúria com que viviam os profissionais da educação nos anos pós
independência até 2009? A coragem não lhe faltou. Enfrentava duros treinamentos desportivos, respeitando seus dirigentes e todos que com ele conviviam, tendo em mente sempre o espírito de vencer.
Trancada às sete chaves, em seu coração estão as mágoas. Pessoas podem interpretar ao contrário, frescura, falta de trabalho e de desprezo. Mas nada disso. Este jovem é feito de carne e osso. Vive suas emoções e acima de tudo, tem um bom coração.
Para isso, como julgar a dor e os sentimentos que cada um carrega? Como criticar?
Depois da cuidada reflexão, sabe-se que é fácil cada um dizer que tem problemas, dores e mágoas assim como ele.
Atualmente, acredita-se que nada dura para sempre. Que as vezes acontecem coisas em nossas vidas, mas que são para o nosso bem, para o nosso crescimento. Mas a verdade é que, as saudades dos ausentes sentir-se-ão para sempre e quando o coração apegado as lembranças, as vezes chovem as lágrimas.
Santos queria viver sua vida, mas não apenas para outros. A iniciação em Bissau já mostrava a grandeza dum meio-campista.
Pai de Robinho da Siva, o futebolista cuida de quatro irmãos, sendo eles: Benvinda da Silva, Salomão da Silva, Sara da Silva e Leita da Silva, todos residentes em Dakar, Senegal.
Portanto, vive a vida da sua maneira e fato dos irmãos ao seu redor diminuem-lhe a dor do ser diferente, isso leva-lhe a aproveitar os bons momentos que o futebol lhe reserva e a ser irmão, aprendendo a ser pai e mãe.
O Letrado Ianga
IN HOMENAGEM
Autor: Sanha Ianga, Docente na Unidade de Ensino Domingos Mendonça